INFORME
SOBRE PÁRA-RAIOS |
Atenção: O texto anexo deve ser considerado, pelos interessados, apenas como
mais uma contribuição para o esclarecimento do assunto. O material que aqui
publicamos não é definitivo, nem concludente. Sabemos que ainda existe muito
para ser visto, estudado, analisado e discutido sobre este assunto.
Prefectura Naval
Argentina - Informe elaborado pela Seção Eletricidade – Divisão Técnica Naval
– DPSN Prefectura Naval Argentina
Índice
Instalação
de sistemas de proteçãoàs descargas atmosféricas em embarcações de pequeno porte.
1. Objetivo
2. Introdução
3. Índice
ceráunico e curvas isoceráunicas
4. Conceito
de raio
5. Efeitos
dos raios
6. Pára-raios
7. Cone de
proteção
8. Detalhes
construtivos do sistema.
a. Condutividade
b. Conexões e instalação
c.
Placa de descarga e aterramento:
d. Precauções.
9. Recomendações
10.
Classificação das embarcações (segundo o material do casco)
a. Casco de aço
b.
Casco e mastros de madeira
c.
Casco de madeira com mastros metálicos
d.
Casco de aço e mastros de madeira
e. Embarcações mistas
f.
Casco de concreto armado
11. Manutenção
12. Considerações especiais: Antenas.
13.
Proteção das Pessoas
14.
Consultas
Instalação de sistemas de proteção às descargas atmosféricas em embarcações
de pequeno porte.
1. Objetivo:
É comum encontrarmos muitas
dúvidas e grande interesse sobre os dispositivos de proteção contra descargas
atmosféricas (raios) para embarcações de pequeno porte. A escassa bibliografia
sobre o assunto motivou a elaboração do presente trabalho.
O objetivo deste trabalho é
orientar sobre a instalação de sistemas de pára-raios em embarcações de pequeno
porte.
Uma embarcação navegando representa
um ponto de condução proeminente sobre uma superfície plana, estando, portanto,
mais exposta a ser atingida por um raio que o resto do meio que a circunda
(ver figura 1).
Apesar disso, a probabilidade
de ser efetivamente atingida por um raio é muito baixa, já que o mar possui
um baixo índice ceráunico.
Figura
1 - Distribuição de cargas entre uma embarcação e suas imediações.
3. Índice ceráunico e curvas isoceráunicas:
Curva isoceráunica é a que une
pontos da superfície terrestre a um idêntico número de dias em que são observadas
trovoadas (se só se vêem relâmpagos, não são computados), em um intervalo
de tempo. Apesar de essas curvas não darem uma indicação exata da intensidade,
duração, etc., das tempestades elétricas, está comprovado que constituem uma
eficiente referência sobre a probabilidade de queda de raios.
As regiões tropicais são as
que apresentam os mais altos índices ceráunicos, com mais dias de tempestade,
estas de grande intensidade, ocorrendo o contrário nas zonas de altas montanhas,
de intenso frio ou marítimas.
Com base nas curvas isoceráunicas
descritas acima, se confecciona um mapa ceráunico, onde elas estão representadas.
4. Conceito de raio: O raio é a união violenta das cargas positivas e negativas, produzindo
uma descarga elétrica através de gases de baixa condutividade.
As descargas podem ocorrer dentro
da nuvem, de nuvem a nuvem ou da nuvem à terra. Estas últimas são as que nos
interessam, por serem as que provocam danos, tanto em terra, como na água.
Normalmente, as nuvens estão
carregadas negativamente na sua base, e positivamente na sua parte superior.
Por indução eletrostática, a terra ficará positiva justamente debaixo de uma
nuvem. Desta forma, uma diferença de potencial enorme é criada, produzindo-se
o raio quando se vence a rigidez dielétrica do meio (ar ou vapor de água).
Simultaneamente ao raio (descarga), se produz a luz (relâmpago) e, em seguida,
o som (trovoada).
A metade dos raios, aproximadamente,
são descargas simples, e a outra metade corresponde a raios compostos por
descargas múltiplas em seqüência rápida.
Da mesma forma que na nuvem
se formam centros de carga, algo similar ocorre na terra, pois há solos mais
condutores que outros, considerando-se que as cargas na terra se movem segundo
a indução imposta pela nuvem.
Já que a nuvem pode cobrir grandes
áreas terrestres, sua influência eletrostática sempre será importante. Pode
haver, deste modo, diversos centros de carga.
O
raio incidirá sobre o elemento que tiver maior condutividade e for capaz de acrescentar mais cargas ao fenômeno. Também podem ser
produzidas descargas superficiais entre eles, ao desaparecer a carga indutora
devido aos raios de nuvem a nuvem.
O início da descarga, em um
primeiro momento, é invisível, quando várias descargas-piloto se aproximam
da terra, em forma de ramificações. Quando o caminho traçado pelas “piloto”
se ioniza, inicia-se a descarga de retorno principal, dando origem às descargas
visíveis.
Figura
2 - Diferentes tipos de descargas atmosféricas
aMecânicos: destruição dos elementos atingidos ou afetados.
aTérmicos: incêndios, volatilização de metais por fusão.
aFisiológicos: queimaduras, paralisias, e, freqüentemente, a morte.
aElétricos: geração de sobretensões, tensões de passagem e de contato, por circulação
de corrente de descarga, produção de correntes induzidas em condutores ou
peças metálicas próximas e paralelas à corrente de descarga.
Um sistema de pára-raios é um
elemento constituído por três partes:
aPára-raios propriamente dito (captor)
aCabo ou elemento condutor
aTerra Física (no caso das embarcações, um elemento que assegure contato
elétrico com a água na qual flutua a embarcação).
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Figura
3 - Extremidades (captores) de pára-raios em instalações terrestres.
Figura
4 - Cone de proteção de um pára-raios
Corretamente instalado, um sistema de proteção contra descargas atmosféricas pode apresentar um ângulo de proteção de aproximadamente 45 graus, dependendo do tipo de elemento a ser instalado.
8.Detalhes
construtivos do sistema.
aA resistência total, do pára-raios até a placa, será inferior a 0,03
ohms.
aAs conexões devem ser as mínimas indispensáveis;
aA trajetória será a mais direta possível, evitando curvas fechadas
e ângulos retos, conforme detalhamos abaixo:
Figura 5: Diferentes formas de realizar
a instalação do circuito de descida.
aA seção do cabo de descida será de cobre de 50 mm2, no mínimo.
aO captor (ponta do pára-raios) deverá ser colocado de forma a sobressair
pelo menos 15 cm em relação a qualquer outro elemento em que estiver montado.
c. Placa de escoamento da descarga e aterramento:
aA placa de contato direto com a água será de cobre, de mais de 0,2
m2 de área, e de uma espessura de 4 mm, no mínimo, fixada em uma posição que
a mantenha em contato permanente com a água, sob quaisquer condições de navegação.
(ver figura 8).
Posição da placa de descarga |
Conectando
componentes metálicos a uma mesma massa.
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Figura
8: Detalhe da placa de escoamento da descarga e aterramento de diferentes
componentes metálicos da embarcação
aOs corpos metálicos interiores (motor, tanques de água e gasolina,
mecanismos metálicos do leme, etc. ) serão conectados à placa de contato com
a água (principalmente o motor, para que a corrente da descarga não passe
pelos mancais) ou ao condutor de descida principal. (ver figura 8).
aTodo elemento pelo qual circula uma corrente elétrica cria um campo
magnético ao redor de si. Por isso, devemos prestar atenção na localização
do instrumental elétrico, eletrônico e de navegação.
aDevemos evitar o uso de combinação de metais que produza reações galvânicas
ou eletrolíticas, que aceleram a corrosão em presença de umidade ou em imersão
direta. Se for impraticável empregar a combinação ideal, podemos reduzir os
efeitos da corrosão com revestimentos adequados ou conectores especiais.
1)Use somente cobre condutor, do tipo eletrolítico, para uso em eletricidade.
2) Use somente materiais de primeira qualidade e altamente resistentes
à corrosão, para que sua manutenção seja mínima. As braçadeiras, grampos,
etc., devem ser de bronze ou cobre.
3)As conexões não devem ser soldadas. É melhor usar as conexões parafusadas
com arruelas dentadas de contato, tudo isso bem fixado.
4)Os cabos são estendidos retos, sem se enroscarem nos estais.
Detalhe construtivo _ corte
transversal.
Figura
6: corte transversal do casco
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Figura 7 _ Detalhe da figura anterior: Detalhe superior: na base do mastro
(metálico),
e detalhe inferior: conectado entre a linha de descida principal e a quilha.
5)Não é recomendável usar como placa de descarga outras partes normalmente
submersas (hélice, pá do leme, placa para rádio-transmissores, etc.).
10.
Classificação das embarcações (conforme o material do casco).
Possuem proteção intrínseca.
Os barcos com casco de aço em contato elétrico com mastros metálicos ou outras
partes metálicas da superestrutura não precisam de proteção adicional contra
raios. Os possíveis pontos de descontinuidade (estais, brandais e ovéns metálicos
com macacos esticadores, etc.) levarão pontes metálicas parafusadas.
b.Casco
e mastros de madeira: (1)
Este tipo de embarcação não
possui, por si mesma, nenhuma proteção. Por isso devemos verificar o cumprimento
dos itens 8 e 9 acima.
O condutor poderá ser esticado
em linha reta nos estais e através do interior do casco — sem ficar rodeado,
em nenhum momento, por elementos ferromagnéticos — até o elemento de contato
ou placa de contato com a água. (Ver o item 8 - Placa de
cobre).
c.Casco
de madeira com mastros metálicos: (1)
Neste caso, devemos adequar
a instalação ao sistema de proteção. Verificaremos o cumprimento dos itens
8 e 9 acima, principalmente o indicado para o condutor de descida e para a
placa de escoamento da descarga.
Se o mastro tiver uma seção
suficiente (mais de 100 mm2), servirá de condutor principal, e poderemos prescindir
do pára-raios, desde que o mastro esteja conectado eletricamente ao resto
do sistema de proteção. O condutor de descida será fixado firmemente ao mastro,
no ponto onde os estais encapelam neste último, ou acima deste ponto.
d.Casco
de aço e mastros de madeira: (1)
Como no inciso anterior, devemos
adequar a instalação ao sistema de proteção, instalando o pára-raios
e o condutor de descida, o qual deverá estar conectado ao casco de maneira
segura.
Será omitida a placa de contato
com a água, e devemos observar os itens 8 e 9 acima.
Neste caso, seguiremos as
indicações apresentadas nos itens 8 e 9, se for o caso, segundo cada caso
particular.
As massas metálicas isoladas,
próximas aos condutores principais, e os pontos perigosos, serão tratados
segundo o item 8b (conexão e instalação).
Neste caso particular, o casco
será considerado como condutor se a armação metálica for contínua e estiver,
do ponto de vista elétrico, eficazmente conectada ao sistema captador
de raios, e a algum elemento metálico (placa de escoamento da descarga) permanentemente
em contato com a água.
Se não cumprir com a indicação
acima, a embarcação será adequada à instalação, de acordo com os itens 8 e
9.
(1)As referências a madeira ou aço incluem os materiais de características
elétricas similares, como plásticos ou alumínio, respectivamente.
(2)Embarcações mistas: todas as que possuírem uma combinação dos materiais
descritos nos itens acima.
Se estiver corretamente projetado
e montado, e supondo-se que esteja completo e sem defeitos, um sistema de
proteção não requer nenhuma operação.
Há, entretanto, algumas atividades
vinculadas ao mesmo, que serão devidamente consideradas para garantir ou completar
sua efetividade: consertos do casco, substituição do mastro, etc. Nestes casos,
será feita uma revisão da instalação elétrica abordada neste trabalho, e,
de preferência, por pessoal especializado.
12.Considerações especiais: Antenas.
Podemos usar as antenas dos
equipamentos de rádio como pára-raios, se elas tiverem suficiente capacidade
(o que não é comum no tipo de embarcação aqui tratado).
Uma antena de rádio pode atuar
como elemento protetor, se tiver uma condutividade adequada e se estiver
equipada — como também o aparelho específico (rádio) — com descarregadores,
espinterômetros, ou outro meio qualquer para fazer a ligação à "terra"
(aterramento) durante as tempestades elétricas.
a. Antena com capacidade para suportar o raio:
Os descarregadores terão uma
tensão de alimentação definida — proporcional à tensão de serviço do aparelho
protegido, para este não sofrer danos — que restabelecerá automaticamente
seu isolamento, depois que o raio passar. A seção mínima de antena, admitida,
é de 10 mm2 de cobre ou equivalente. O sistema deverá ser revisado após uma
descarga. (Isto é geralmente aplicado a navios de grande porte).
b. Antena sem capacidade para suportar o raio:
Devemos instalar um pára-raios,
ou outro elemento que cumpra esta função, em uma posição mais elevada que
a antena, para ela ficar protegida, e de acordo com as prescrições indicadas
acima.
Evidentemente, se já possuímos
um sistema de proteção contra descargas atmosféricas, a instalação da antena
deverá ser realizada abaixo do pára-raios, e a uma distância prudente, para
evitar que ela funcione como elemento captor.
Caso seja necessário enfrentar
este tipo de fenômenos, o mais aconselhável é permanecer no interior da embarcação
durante o tempo que durar a tempestade, limitando ao mínimo indispensável
a exposição da tripulação à intempérie.
Durante estas exposições, se
forem imprescindíveis, devemos evitar a permanência nas imediações de
onde está instalado o sistema.
Para qualquer consulta, entre
em contato com:
Sección Electricidad - División
Técnica Naval _ DPSN
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Edificio Guardacostas
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Av. E. Madero 235 - Capital
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Email: tnavpna@ciudad.com.ar